24 junho 2013

Versos Vila Flor

"É este o título do novo livro que o nosso distinto colaborador, Sr. Dr. Cabral Adão, acaba de nos enviar e oferecer. Tamanha honra desvanece-nos e torna-nos credores eternos da sua gentileza e bondade.
Exclusivamente dedicado à sua linda Vila Flor, àquela bonita vila transmontana que lhe foi berço, e à qual, por achar tão bela, o nosso rei-trovador, D. Dinis, lhe pôs o adequado nome de Flor.
«Versos Vila Flor» veio avivar mais qualidades intrínsecas do seu autor, como aliás se nota em todos os seus artigos, poesias e contos.
O Sr. Dr. Cabral Adão, que a pedido de um antigo condiscípulo se dignou colaborar no nosso «CATASSOL», nome feito e muito considerado nas letras e nas ciências médicas, apesar dos seus múltiplos afazeres profissionais, tem mantido neste pequeno jornal uma colaboração regular altamente apreciada por todos os nossos leitores, pelo que bem merece o nosso maior reconhecimento.
Pedimos-lhe autorização para aqui transcrevermos um dos poemas deste seu livro, como amostra do poder descritivo da sua pena molhada na saudade e amor à sua terra mimosa, pelas imagens que lhe ficaram nos olhos e no coração.

Carícia Real
Desabrochou a sécia no regaço
Do monte, sobre um plaino de verdura
E logo o Céu Azul, num terno abraço,
Abençoou a flor, vermelha e pura.

Chamou-lhe Póvoa, o Homem deu-lhe um Paço
De abóbada e colunas, deu-lhe altura
Na Lusitânia antiga, deu-lhe espaço.
E a sécia em mil sécias se depura.

A jardineira lua, com luar
As rega, e o vergel, suma delícia,
Recrudesce de graça e de esplendor.

Até que um Rei, poeta singular,
Preso do encanto, fez-lhe uma carícia:
- «Bendita sejas flor das vilas… Flor!»"

Artigo publicado no Jornal Catassol, em Janeiro de 1967

Nota: Luís Cabral Adão nasceu em Vila Flor, Trás-os-Montes, no dia 24 de Junho de 1910, tendo falecido em Almada a 6 de Agosto de 1992. Os restos mortais foram sepultados no cemitério da terra natal, assim se concretizando um anseio que expressamente havia manifestado.

Síntese biográfica 

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