15 março 2013

Freixiel - Freixiel

Nos finais do mês de Janeiro aconteceu mais uma caminhada da série Pontos Altos. O "ponto alto" escolhido foi o marco geodésico de Freixiel, situado entre a Sapinha e Serra Tinta. Confesso que não foi a primeira vez que saí de casa com intenção de lá chegar, mas o objetivo não foi alcançado. Contudo já estive no local uma vez, a 20 de fevereiro de 2007.
A caminhada foi feita em companhia do colega Hélder e começou por volta das 9:30, num dia fresco e cheio de sol. As últimas chuvas faziam antever caminhos encharcados e ribeiros com caudais generosos, coma erva a despontar do prolongado inverno.
O percurso até a Palhona, perto do Vieiro já imensas vezes percorrido; com passagem por Samões, descida às Olgas, atravessar a ribeira, subir à estrada nacional. Ir pela estrada até à Palhona, cortar à esquerda, subir à Sapinha; continuar pelo cume da serra até ao marco geodésico e depois seguir em direção a Freixiel passando pela Quinta da Serra. Tratou-se de um circuito linear com 16 km de extensão, com o ponto mais elevado um pouco acima dos 600 metros de altitude, exatamente no marco geodésico.
As expetativas concretizaram-se e encontrámos várias pequenas cachoeiras pelo caminho.
O percurso foi feito calmamente, saboreando o sol, só dando para "aquecer" quando começámos a subida para  a Sapinha. A serra onde se situa cria uma barreira natural que separa Freixiel de Vieiro, aldeia anexa à freguesia de Freixiel. Custa a acreditar que houve tempo que as crianças de Freixiel tinham que atravessar a serra para frequentarem a escola Primária em Freixiel. Imagino o esforço e o tempo necessário, quem sabe com que condições atmosféricas, para atravessar a serra dias a dias a fio.
 A primeira elevação dá pelo nome de Sapinha. é uma área onde têm sido plantadas novas vinhas. A paisagem já é admirável mas o caminho continua ao longo da serra proporcionando "quadros" onde se pode ver a aldeia de Freixeiel e os seus vales cavados, ou para o outro lado da serra, o Vieiro e terras dalém Tua, culminando na serra dos Passos.
 Entusiasmámo-nos tanto na caminhada que quando demos por isso tínhamos ultrapassado o local do marco geodésico (pelo que as fotografias do mesmo são de uma visita anterior). è necessário abandonar o caminho e seguir por entre a vegetação rasteira até atingir o ponto mais alto da serra, exatamente a 618 metros de altitude.
 Um fator que contribuiu para a distração foi o facto de existir no local rede Wireless, com acesso à Internet e tudo! Entusiasmei-me a colocar algumas fotografias na Internet e não prestei a atenção que devia ao percurso. Também devia ter estudado melhor a localização do marco geodésico que se vê muito bem à distância mas não se vê quando estamos próximos.
O marco geodésico é bastante vulgar tipo bolembriano (nome comum das construções em alvenaria de forma tronco-cónica que, em Portugal, são utilizadas como vértices geodésicos de 2ª e 3ª ordens.). Está implantado sobre a rocha, proporcionando um excelente miradouro.
 Quando demos por nós estávamos já na Serra Tinta, onde se localiza uma enorme antena de telecomunicações. Quando nos apercebemos que tínhamos ultrapassado o "ponto alto" que pretendíamos visitar só havia duas alternativas: voltar a trás e procurar o marco, ou esquecer o marco e alcançar Freixiel a uma hora decente para o almoço. Optámos pela segunda hipótese. Eram quase duas horas da tarde e e a caminhada já ia longa. Descemos o caminho que leva a Freixiel passando junto do antigo campo de futebol de 11, onde há alguns anos joguei futebol. Sabia existirem perto umas alminhas escavadas numa rocha. Tinha receio que passássemos por elas sem as ver, mas encontrámo-las.
A localização destas alminhas só reforça a importância deste caminho em tempos idos. Elas eram erigidas nas principais entradas das localidades, exatamente para que quem chegasse ou saísse, se arrependesse, rezasse e, se possível,    contribuísse com alguma moeda a fim de se celebrar uma missa pelas benditas almas do purgatório.
A ribeira da Redonda levava muita água e não fosse o adiantado da hora, teria proporcionado boas fotografias.
A caminha terminou na estrada da aldeia, para quem vem de Folgares. Sobre a Ribeira da Cabreira há uma robusta ponte e ali esperámos pelo transporte que nos trouxe a Vila Flor. O percurso foi cumprido, com a ressalva de não termos estado no marco geodésico, mas também pouco importou. O incessante foi percorrer os caminhos, desvendar as paisagens, encontrar a frescura dos regatos e apreciar as primeiras flores. Fizemos tudo isso.


1 comentário:

Transmontana disse...

Que grande caminhada, Aníbal!
Conheço, de cor, todos os locais que mencionou, mas, confesso, há muitos anos que não os visito.
Parabéns e obrigada pelas fotos, que são maravilhosas e dão para matar saudades!
Um santo domingo
Anita