21 fevereiro 2013

e de repente é noite (III)

Dizer os ventos que atravessaram
exíguas paisagens, iluminadas as têmporas
de incêndios difundidos
por suas longínquas combustões.
Dizer os sentimentos rebuscados
nos restolhos de ser difícil resistir
sem lhes perdoar não terem inscrito no elmo
o alarme dos nomes proibidos.
Dizer os grânulos de orvalho
que capitularam de cegueira a escoar-se
nas fachadas dos sobressaltos para
a navegação da lava à geometria
das sementes de todos os animais.
Omitir as palavras erguidas no inverno,
pendões esfarrapados, frágeis armas brancas
em nosso infindo combate com a morte.

Poemas de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.
Fotografia: Oliveira junto ao Rio Tua, em Ribeirinha, Vilas Boas.  

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