28 setembro 2012

e de repente é noite (XXX)

Latada com belos cachos de uvas (Vila Flor)
Ardem pássaros nos olhos dum rapaz.
O tempo torna-se a montanha
suspensa sobre o vale.
A toada das vides oculta-se
na imobilidade dos bagos maduros.
Já não se ouve o tropel de Agosto
ao longo da púrpura dos ermos.
O ar sabe às húmidas meditações
das naves sem vitrais.
Um tear oculto urde cintilações
em torno do rapaz.
Torna-se fogo
tudo o que nele é corpo.
E os pássaros renascem nos seus olhos.
Cabeço de São Pedro, também conhecido como Cabeço de Santa Cruz (Lodões)
 Poema de João de Sá, do livro "E de repente é noite", 2008.

1 comentário:

Transmontana disse...

Lindo o poema e lindas as imagens que o ilustram! Obrigada pela partilha!

Um abraço