01 setembro 2011

Colóquio: Agricultura – Comercialização e Estratégias de Mercado

Não estive presente na abertura e primeiros dias da IX TerraFlor, mas fiz questão de participar no colóquio Agricultura – Comercialização e Estratégias de Mercado, que teve lugar no dia 25 de Agosto, com início pouco depois das 14 horas. Embora a agricultura não seja uma presença constante na minha vida, sou filho de agricultores, está presente na minha formação académica e bastava interessar-me pelo que se passa em Vila Flor, concelho marcadamente rural para me interessar pelo assunto. O Azeite é o produto referência do certame e já tinha tido um dia que lhe foi inteiramente dedicado (que perdi, com muita pena minha).
O programa das apresentações fazia pensar que os temas estariam mais relacionados com as hortícolas e com a fruta, com grande interesse para a agricultura do vale da Vilariça, mas também para outros pontos do concelho onde se produz fruta, como por exemplo Candoso.
 Não estranhei, mas as cadeiras do anfiteatro do Centro Cultural ficaram maioritariamente vazias. Este será um dos pontos em que os agricultores do concelho também têm que melhorar bastante: acreditar nos técnicos especializados e procurar informação atualizada como forma de melhorar a rentabilidade das suas explorações.
O colóquio iniciou-se com a algumas breves palavras proferidas pelo representante da TerraFlor, Eng. Fernando Barros. Congratulou-se por ver envolvidas todas as associações de agricultores do concelho e lamentou a falta de assistência para escutar as apresentações de grande interesse para a agricultura concelhia.
O primeiro orador do colóquio Eng. Augusto Ferreira (da CONFAGRI) louvou o trabalho da Associação de Agricultores do Nordeste Transmontano, sua parceira. Dentro do tema Desafios e oportunidades para o sector hortofrutícola no contexto atual, começou por fazer uma abordagem à Política Agrícola Comum e à situação de Portugal à evolução da realidade europeia. A PAC consome cerca de 40% do orçamento comunitário, embora este valor tenha vindo a baixar. Falou depois na produção frutícola a nível global e das dificuldades que o sector se debate. Uma das maiores dificuldades na comercialização no caso português está na falta de organização dos produtores de forma a poderem melhorar a qualidade, terem mais eficiência na produção e maior poder de negociação.
A Engª Marta Baptista (Fenafrutas) apresentou o tema O Sector hortofrutícola e o mercado. Visão do sector cooperativo. Mostrou dados estatísticos das exportações e das importações de Portugal de diversos produtos agrícolas. Focou a atenção nos produtos hortícolas e nas frutas. Apresentou de forma sintética as dificuldades que estes sectores apresentam e quais as soluções possíveis, nomeadamente: reforço da organização; marketing; baixar os custos de produção; formação para diretores, gestores e sócios; redimensionamento das cooperativas; promoção; melhoramento da competitividade e certificação de produtos.
Reforçou a importância do cooperativismo, apresentou as exigências mínimas para a constituição de uma organização de produtores e as vantagens que daí podem advir em de apoios económicos e em competitividade.
No tema 3 – Regadio da Vilariça – situação atual e perspetivas futuras, usou da palavra o Eng. Fernando Brás, presidente da Associação de Beneficiários do Regadio do Vale da Vilariça. A associação pretende fazer a gestão de todo o perímetro de rega, desde a barragem da Burga até à Foz do Sabor. Há ainda um longo caminho a percorrer com o levantamento de todas as parcelas do regadio e a implementação de contadores da água gasta por telegestão. Será necessária a união dos agricultores para a reconversão e formação de blocos de produção, tendo em atenção as características dos solos e a água disponível. Não basta ter água, é necessário saber geri-la como um bem comum, escasso e que é necessário rentabilizar. Reforçou também a necessidade de uma melhor organização.
 No período de perguntas e respostas destacaram-se duas ideias: é necessária uma maior organização dos produtores; é cada vez mais difícil negociar e chegar às bancas das grandes superfícies.
Terminado o colóquio, pelas 17 horas e trinta minutos, seguiu-se uma prova de produtos no recinto da feira.
As diferentes associações de produtores disponibilizaram amostras que foram degustadas pelos participantes do colóquio e por alguns visitantes da Feira que foram passando pelo local. Desde o azeite, passando por várias marcas de vinho, queijo, pimentos e tomates, frutos secos, em calda ou em compota, até às salsichas de carne de ovelha e de cabra. Foi um desfilar de sabores como nunca em tinha saboreado em todas as edições da TerraFlor em que estive presente.

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