14 outubro 2007

Aldeias Cidades


Aldeias Cidades
Estradas vistes
Vi de tudo um pouco
(Pouco via) nas paredes daquela aldeia
Aldeia mãe granito alumiado por uma candeia
Enegrecida
pelo fumo ressequido e rouco

Da labareda da voz da gente povo

Labareda de giestas vides carvalhos e pinho
Das gentes da terra
lá na terra da gente
Lareira viva das vidas sem voz
Raiz de todos nós
Raízes que também ardem
E se afagam na garganta
E vivem no silêncio irreverente da gente

Seiva das raízes das veias da terra

Terra aos pedaços e retalhos
Que se enruga nos olhos das idades
Ontem lama agora poeira logo terra
Sempre terra das gentes
De mãos calejadas
Lugar dos Homens
Que acordam de ambos os lados da serra

Como os homens os cães e os pardais
Acordei aos poucos corri tropecei sem mais
Levantei-me a cambalear caminhei e adormeci
Ando daqui para ali - escadas
Carreiros ruas aldeias estradas
Corro e canso
Estradas cidades aldeias

Estradas cidades aldeias
Desta terra
E homens e raízes

És tu quem o dizes
Mas que (se) procuras - procura
Verdades
Homens Mulheres
Aldeias Cidades

Poema de Manuel M. Escovar Triggo, natural do Vieiro, do livro "Acidentais", publicado em 1987 em Coimbra.
Fotografia tirada no dia 13 de Outubro, do alto da Serra de Bornes em direcção ao Vale da Vilariça.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei do blog. Boas fotografias. Fiquei cheio de saudades.