09 julho 2007

Ecotopia, em Vila Flor

Questionei-me seriamente que caberia neste Blog “À Descoberta de Vila Flor”, alguma referência ao meu encontro com o grupo Ecotopia, na passagem da Biketour 2007 pelo Parque de Campismo de Vila Flor. O que me levou até esse grupo, foi a bicicleta e os contactos que o movimento teve com o Clube de Ciclismo de Vila Flor. Também recebi algumas mensagens de email. Tenho acompanhado toda a problemática do Baixo Sabor e mesmo tomado posição activa nessa questão. Um grupo de ciclistas que parte de Barcelona a caminho de Aljezur, passa por Santo Antão da Barca e pelo Amieiro, defende o Rio Sabor (selvagem) e a Linha do Tua, só pode ser um grupo constituído por pessoas diferentes.
Quando na manhã do dia 7, bem cedo, me fui encontrar com eles no Parque de Campismo para os acompanhar até Mirandela, fiquei completamente desconcertado. O grupo, constituído por 12 pessoas de nacionalidades completamente distintas (da Coreia do Sul a Portugal), jovens (o mais jovem ainda mal andava!), mais pareciam saídos de um filme do National Geographic ou do Mad Max. Em volta da mesa onde partilhavam o pequeno-almoço, discutiam o percurso a seguir. Não há plano definitivo nem chefe ou guia, todos são iguais, formando uma comunidade horizontal, onde todos se reconhecem como diferentes. Olharam-me com estranheza, a mesma com que eu os olhei, mas mediatamente fui integrado, faz parte da sua filosofia. Ouviram as minhas sugestões, discutiram-nas e cada um marcou no seu próprio mapa o percurso a seguir até à zona de lazer, na margem do Tua, logo depois da ponte nova, em Mirandela. Enquanto uns arrumavam o equipamento, usado por todos, outros prepararam as bicicletas e partiram. Perante a minha estranheza, informaram-me que cada uma seguia ao seu próprio ritmo. Eu parti com o grupo da frente mas, ali pelo Barracão, já não havia grupo, seguindo cada um à sua velocidade, tendo de comum o ponto de chegada.
Como acabei também por fazer o percurso praticamente sozinho, fui-me questionando: - Que força move estas pessoas? O que as une? Que faço eu aqui? Só encontrei uma resposta, a minha resposta. Que força me impele a subir ao alto dos montes, às fragas mais escarpadas, aos riachos mais escondidos? A minha cruzada é uma gota no oceano comparada com o desprendimento, entrega e fé deste grupo que se espalhava quilómetros à frente ou quilómetros atrás de mim. A força é a mesma, a utopia.
Cheguei a Mirandela. Pouco ou nada descobri de Vila Flor. Confrontado com as vivências daquela manhã, as minhas convicções ficaram mais fortes. Afinal, não sou o único!

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