15 março 2007

Redescobir o Seixo de Manhoses


No dia 12 de Março saí de bicicleta em direcção à Barragem do Peneireiro sem grande convicção. O dia estava muito cinzento, embora quente, mas nada favorável a reportagens fotográficas. Ladeei a barragem pelo lado direito e comecei a subir em direcção ao Seixo de Manhoses por uma estreita estrada. A vida que desperta nos montes, rapidamente me afastaram da estrada. Entrei num caminho à direita e percebi que me levava ao marco geodésico do Concieiro, onde estive há pouco tempo. Logo que pude cortei à esquerda e comecei a descer perto do Ribeiro do Moinho, em direcção ao Seixo onde cheguei rapidamente. No Seixo ia ter um bom desafio fotográfico para conseguir fazer uma fotografia razoável com tantas colinas e ruas que partem em direcções totalmente opostas. O local onde me encontrava não era mau, mas havia muitas árvores e apenas via meia dúzia de casas. Deixei a Rua da Atafona, onde encontrei mais uma Escola Primária abandonada e comecei a descer em direcção pela Rua do Castelo para o centro da aldeia. No Largo de Santo António há sempre gente! Foi a quarta vez que passei no Seixo de bicicleta e vejo sempre aqui um grupo de idosos a “matar” o tempo.
Olhei em volta procurando pontos de onde conseguir uma boa panorâmica da aldeia – Não vai ser fácil. Pensei.

Passei o Lar de Santa Bárbara, edifício de maiores dimensões da aldeia e parei junto à Capela de Nossa Senhora do Rosário que encontro sempre fechada. No Largo da Capela virei à esquerda, pretendia subir a um monte a sudoeste da aldeia. Passei pela direita do Senhor dos Aflitos, pregado na cruz, surpreendido com a minha coragem. O caminho é mesmo inclinado! Em poucos metros estava a mais de 600 metros de altitude e com uma boa visão da maior parte da aldeia. Não se assemelha a nenhuma que fotografei até agora. São ruas muito inclinadas subindo e descendo em várias direcções, distribuídas por uma grande área, ocupando várias colinas. Fiquei por aqui bastante tempo, olhando e fotografando em todas as direcções.
Desci de novo à aldeia. Segui pela Rua Principal até ao Jardim-de-infância e meti pela Rua da Fisga à procura da Fonte do Sangrinho. Trata-se de uma fonte medieval da qual já ouvira falar. O local foi alvo de arranjos recentes e está muito agradável. Fiquei destroçado com um enorme poste eléctrico “plantado” mesmo por cima da fonte! Se a fonte é medieval já devia estar lá quando “plantaram” o poste, bem podiam ter escolhido outra localização.
Regressei ao centro da aldeia e segui para a Igreja. Perto da Rua da Igreja avistei lá ao fundo o que parecia um bonito ribeiro e desci um pouco. Ouvia o som da água corrente e achei que seria um lugar agradável. De facto podia ser. O ribeiro está lá, mas, a partir daquele ponto, os esgotos correm ininterruptamente para ele, descendo em banhos de espuma e lixo, saltitando de pedra em pedra numa alameda de laranjeiras.
Voltei à aldeia e segui para a igreja que estava aberta. Tirei algumas fotografias e continuei em direcção ao cemitério, para chegar ao meu terceiro ponto de observação elevado. Deixei a bicicleta e entre oliveiras e videiras subi ao Monte Grande. Ensaiei novas panorâmicas da aldeia, por entre amendoeiras em flor. Via novas ruas, mas outras tinham-se escondido.
Atrás de mim encontrei algumas ruínas que me intrigaram. Havia amontoados de pedras que mais pareciam muralhas defensivas! O monte é elevado, está a 623 metros de altitude e domina uma grande área em redor. No meio dos valados das videiras comecei a encontrar grandes pedaços de cerâmica. Já não tinha dúvidas, ali existe um antigo castro. Procurei mais evidências mas pouco mais encontrei do que grandes paredões de rochas soltas e muito cerâmica, com várias espessuras e qualidades de barro. Um guia especialista conseguiria ver muito mais.
Depois de muito deambular, voltei atrás buscar a bicicleta e segui para o marco geodésico da Cheira (227 metros de altitude), cuja localização já tinha estudado. Tinha grandes expectativas mas o estado do tempo e o adiantado da hora não estavam à altura e fiquei um pouco desiludido. Avista-se Vila Flor, parte do Arco, o Nabo e uma grande extensão do Vale da Vilariça. Nesta zona há muitas amendoeiras mas as flores já perderam as pétalas dando lugar a novas folhas que já despontam.
Voltei ao caminho e segui até à aldeia abandonada do Gavião, onde estive no meu primeiro passeio em bicicleta, em Vila Flor, a 30 de Outubro do ano passado. Alguém andou a fazer um levantamento topográfico! Será que vamos ter uma revitalização do local?
Tracei com o olhar um percurso para o regresso. Não tinha ideia se ia seguir por “bons caminhos” mas, mais uma vez, arrisquei e mais uma vez a sorte esteve do meu lado. Segui do Gavião, em linha recta em direcção ao Arco onde cheguei mais rapidamente do que eu estava à espera. Também no Arco, junto do ribeiro se situam as fossas sépticas, mas, aqui, pelo menos nesse dia, a água corria cristalina.
Subi a aldeia com a bicicleta à mão sujeitando-me às chalaças de um idoso que me confessou ter ido a Mirandela de bicicleta, ele mais a sua Maria!
Segui para Vila Flor satisfeito com o passeio: consegui meter todo o Seixo numa fotografia; encontrei um castro de desconhecia; subi a mais um marco geodésico; visitei o Gavião; fotografei o Nabo e o Arco e… já me esquecia, “almocei” no Monte Grande num “jardim” de amendoeiras em flor.

Quilómetros percorridos neste percurso: 20
Mapa do percurso
Total de quilómetros de bicicleta: 661
Total de fotografias: 13520

1 comentário:

Anónimo disse...

você é do Norte!